Uma jornalista e um cinegrafista foram baleados e mortos hoje no estado norte-americano de Virginia no
meio de uma transmissão ao vivo para a rede de TV da qual eram funcionários. O assassinato foi transmitido durante o noticiário, e o vídeo (cuidado, as imagens são fortes) rapidamente foi parar no Youtube.
Não foi o único material chocante que se originou desse acontecimento. O próprio assassino gravou o crime e soltou primeiramente o vídeo no Twitter. O site logo removeu a publicação e deletou a conta do assassino, mas as cenas se espalharam pela internet.
O acontecimento de hoje reacende o debate sobre quais tipos de conteúdos podem ser postados e circular em plataformas como o Youtube e o Facebook - a partir das quais se tornam disponíveis para bilhões de pessoas. Apesar do valor informativo que eles possam carregar, a disseminação da violência embutida justifica sua ampla exposição?
A postura das empresas com relação a conteúdo graficamente explícito e chocante pode ser encontrada em seus Termos de Serviço - uma espécie de diretriz para os usuários, que diz o que pode e não pode ser feito no site. Veja a seguir o que as duas maiores plataformas de vídeo do mundo dizem sobre conteúdo gráfico, violento e chocante:
Youtube
Em suas Diretrizes da Comunidade, o Youtube oferece algumas sugestões sobre como se comportar no site. Com relação a conteúdo sensível, o site enumera sete tipos de pontos a serem observados: sexo ou nudez, conteúdo prejudicial ou perigoso, direitos autorais, conteúdo de incitação ao ódio, ameaças, spam e, é claro, conteúdo explicito ou violento.
Em boa parte dos casos, esses pontos são bastante claros: não postar vídeos contendo sexo ou nudez, contendo informações que incentivem comportamentos perigosos, que infrinjam leis de propriedade intelectual, que contenham machismo, racismo, homofobia, xenofobia, etc.
Com relação a conteúdo violento, porém, o Youtube explica que, como o site está se tornando cada vez mais um local onde "cidadãos jornalistas, documentaristas e outros usuários" postam conteúdo relevante, "é inevitável que alguns desses vídeos apresentem conteúdo violento ou explícito por natureza".
A postura do site com relação a conteúdo desse tipo é que a violência gráfica é válida apenas conforme seja contextualizada e expandida por meio de informações relevantes no título e na descrição do vídeo. "Se um vídeo for explícito ou perturbador, ele deve ser balanceado com contexto e informações adicionais", dizem as diretrizes.
Assim, uma cena como a ocorrida hoje provavelmente só seria considerada aceitável pelo site na medida que seu título e sua descrição explicassem o que estava acontecendo. "No entanto, o envio da mesma gravação sem as informações contextuais e educativas pode ser considerado sem propósito e pode ser removido do site" (dizem as diretrizes).
A empresa também se reserva o direito de impor restrições de idade a vídeos com conteúdo excessivamente gráfico, e incentiva os usuários a denunciar conteúdos que violem essa política "sinalizando" o vídeo (o que pode ser feito clicando em "mais" abaixo do vídeo e, em seguida, no ícone da bandeirinha).
Facebook
Os Padrões da Comunidade do Facebook ainda deixam a desejar, em termos de acessibilidade, se comparados à pagina colorida e organizada do Youtube. A página, no entanto, oferece algumas linhas gerais do que a empresa considera adequado para seu site.
Em uma Carta aos usuários, a empresa explica que tem como objetivo "criar um ambiente em que não sejam necessárias muitas regras, onde as pessoas do Facebook sintam-se motivadas e capacitadas a tratar cada semelhante com empatia e respeito".
Na seção sobre "Como incentivar um comportamento respeitoso", o Facebook aborda três tópicos: nudez, discurso de ódio e conteúdo gráfico. A empresa é conhecida por ser bastante restritiva com relação a qualquer tipo de nudez, e diz remover quaisquer conteúdos que ataquem pessoas com base em raça, etnia, nacionalidade, religião, orientação sexual, gênero, identidade de gênero deficiências e doenças.
Com relação a conteúdo violento e gráfico, a empresa entende que ele pode ter uma importância por retratar, por exemplo, "abuso dos direitos humanos ou atos de terrorismo", e que muitas pessoas "pessoas compartilham esse tipo de conteúdo para condená-lo ou para conscientizar os outros".
Por isso, o Facebook diz remover essas imagens "quando elas são compartilhadas por prazer sádico ou para celebrar e glorificar a violência". Em outras palavras, também depende do contexto. A empresa também pede aos usuários que "avisem o público sobre o que estão prestes a ver, caso o conteúdo inclua violência gráfica", e "compartilhem com responsabilidade, escolhendo cuidadosamente quem poderá ver o conteúdo".
A Declaração de Direitos e Responsabilidades do site, por outro lado - com a qual todos os usuários do site concordam tacitamente - diz claramente ao usuário: "você não publicará conteúdos que contenham discurso de ódio, sejam ameaçadores ou pornográficos; incitem violência; ou contenham nudez ou violência gratuita ou gráfica".
Além disso, a empresa se reserva o direito de "remover qualquer conteúdo ou informação publicada por você no Facebook se julgarmos que isso viola esta declaração [de Direitos e Responsabilidades, link dado acima] ou nossas políticas".
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Assassinato nos EUA: como YouTube e Facebook lidam com vídeos chocantes?

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